Monday, November 01, 2021

Reservas Lightalive: Novidades 2020/2021

 

                                       

Os espaços designados como «Reservas Lightalive», pelo nosso projeto, são zonas onde os seres bioluminescentes, as noites escuras e os ecossistemas locais, são reconhecidos  e preservados.

Mas para existir tal designação são necessárias comunicações entre o nosso projeto e os proprietários e gestores, desses locais.

A Quinta de Óbidos, pertence ao projeto Lightalive e  além da agricultura biológica, funciona como uma estação de  monitorização e conservação de fauna e flora locais.

Em 2020 e 2021, houveram novos acontecimentos nas reservas Lightalive e duas novas reservas, juntaram-se à  rede: Quinta da Charneca e Mata Pequena.


                                        Reserva Lightalive «Mata Pequena»


Entre carvalhais, pastos e matagais e perto de um vulcão adormecido (Penedo do Lexim) situa-se a nova reserva Lightalive da Mata Pequena, que apresenta uma complexa geologia, flora e fauna.

O Penedo do Lexim, pertence ao complexo vulcânico de Lisboa e está classificado como um geossítio de relevância nacional pela ProGEO, tendo sido estimado o seu período de atividade até há cerca de 72 milhões de anos atrás, quando alimentava um pequeno aparelho vulcânico à superfície.


                                           Penedo do Lexim (sminhasintra.blog)


                                  

Vulcão adormecido do Lexim



Também é uma zona com importância arqueológica, pois apresenta vestígios de um dos primeiros fortificados calcolíticos e da Idade do Bronze, na P. Ibérica, tendo obtido a classificação como Imóvel de interesse público.

A pitoresca e antiga Aldeia da Mata Pequena (que se pode ver nas 4 fotos embaixo), também está situada nesta nova reserva, e protege um legado arquitetónico de extrema importância, estando inserida conjuntamente com a área em seu redor, na zona de proteção especial do Penedo do Lexim.












                                       Vídeo aéreo da Aldeia da Mata Pequena


Em termos de expressão arbórea, estão aqui presentes espécies como o carvalho-cerquinho, o carrasco, o zambujeiro, a azinheira, o freixo e o medronheiro, entre outros, enquanto no substrato arbustivo e subarbustivo, cresce a madressilva, a urze-branca, o rosmaninho e a murta.


Entorno na Mata Pequena  (lisboasecreta.co)



Interior da Mata





A reserva Lightalive da Mata Pequena, tem também uma interessante e importante expressão faunística, estando aqui descritas como presentes, espécies de rapinas, como a águia de Bonelli (Aquila fasciata), que tem aqui um dos raros locais de ocorrência na Estremadura, o peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus), a águia-de-asa-redonda, o mocho-galego, a coruja das torres, o bufo-real e outras aves estão aqui também presentes como a galinha de água (Gallinula chloropus), a perdiz-vermelha, a poupa e uma grande diversidade de passeriformes, entre os quais o rouxinol-comum.


 Águia de Bonelli (Rita Ferreira/SPEA)




O legado dos mamíferos, está aqui representado pelo javali, pela raposa, pelo coelho-bravo, pelo mangusto e uma série variada de micromamíferos.

Em termos de entomofauna, está aqui presente a maior cigarra da Europa, também conhecida por cegarregão (Lyristes plebejus), sendo assim aqui  o único local do distrito de Lisboa, onde é conhecida sua presença e também têm sido avistados pirilampos de 3 espécies: Luciola sp. Lamprohiza paulinoi e Lampyris iberica


Cegarregão (Cigarras de Portugal)


Já desde 2017 que se dão aqui voltas para observar pirilampos, sempre com a  cooperação entre o projeto Lightalive e os proprietários da Mata Pequena.

No ano passado,não se realizaram voltas para observar pirilampos na Mata Pequena, devido ao Covid, mas este ano, a 5 de Junho, realizou-se uma apresentação sobre o tema da bioluminescência e em seguida houve uma caminhada para observar os pirilampos da reserva.


                       

Fêmea adulta de Lampyris iberica

A caminhada durou cerca de uma hora e 15 minutos, durante a qual foi possível observar, centenas de pirilampos, de pelo menos, duas espécies..


 

                              Reserva Lightalive «Quinta da Charneca»


Desde 2019 que ficou decidido que esta quinta devia fazer parte da rede, tendo tal sido concretizado em 2020 (mais detalhes poderão ser vistos aqui https://pirilampos-lightalive.blogspot.com/search?q=quinta+da+charneca).

Na Quinta da Charneca, em 2021, os primeiros pirilampos adultos (Luciola sp). foram avistados a 26 de Março.

A 3 de Abril um dos pirilampos entrou em casa tendo sido depois libertado de volta ao exterior:

                                                         


 A 24 de Abril, segundo o proprietário, foram avistados milhares de pirilampos (talvez entre 2 a 3 mil) apenas dentro da reserva, e nos olivais tradicionais situados em redor, até onde a vista alcançava, talvez estivessem presentes mais alguns milhares (podendo até exceder os 10.mil) sobretudo em zonas cobertas por olivais tradicionais cobertos com vegetação espontânea.

Os últimos pirilampos adultos, foram avistados até à primeira quinzena de Julho.

 

 Vegetação ripícola que foi plantada na reserva, junto a um ribeiro temporário, está em franco desenvolvimento:













         Reserva Lightalive «Quintinha de Paços de Ferreira»


Em Abril de 2020, foram fotografadas duas larvas de Lampyris sp.:






Em Junho de 2021, nesta reserva, foram avistadas fêmeas adultas do género Lampyris.
A presença destes pirilampos, estendeu-se até mesmo junto a casa, e também foram avistadas fêmeas debaixo de uma escada (zona aberta, mas protegida das intempéries) e num muro de pedra afastado cerca de 25 metros da casa.
Ou a espécie tinha aqui uma distribuição mais alargada do que se supunha, ou encontra-se em expansão.


                               Reserva Lightalive «O Templo das aves canoras»

Alguns novos e interessantes registos surgiram nesta reserva.
Foram encontrados 3 exemplares de Cerambyx cerdo, que é um dos maiores longicórnios de Portugal e um tritão marmoreado (Triturus marmoratus).






Em 2020, foi avistado pela primeira vez na reserva, o pica-pau verde (Picus sharpei) e o açor (Accipiter gentilis)

                                        
Açor fotografado nesta reserva


Em 2021, notou-se um aumento da presença do pica-pau-galego (Dendrocopos minor) e de poupas (Upupa epops) e a felosa-musical (Phylloscopos trochilus) chegou antes do que é normal.

Fêmeas de Lampyris iberica, foram avistadas em meados de Junho (mesmo debaixo de chuva intensa), e no início de Julho.

Foi avistada também uma larva:








                                    Reserva Lightalive «Quinta do Roseiral»


Algumas larvas de pirilampo foram vistas por Luís Guilherme Sousa, em Dezembro de 2020, nesta reserva Lightalive, situada perto de Coruche:


Larva de Lamprohiza paulinoi


Oligoqueta luminosa


A 19 de Abril de 2021, foi encontrada uma fêmea adulta de Lamprohiza paulinoi, mesmo junto a casa:








                                                 Reserva Lightalive «Biovilla»


Nos dias 22 e 29 de Maio de 2021 realizaram-se saídas noturnas para observação de pirilampos na Reserva Lightalive Biovilla.

Várias pessoas compareceram em ambos os eventos, mas foi necessário algum distanciamento e durante boa parte do tempo, houve necessidade do uso da máscara.

No dia 29 de Maio, a noite esteve amena e o vento fraco, e  avistaram-se muito mais pirilampos do que 22 de Maio, que apresentou uma noite mais fresca e ventosa.

Pirilampos do género Luciola, foram avistados em ambas as saídas, tendo sido vistos em grande quantidade numa zona particular da reserva. 

No lado esquerdo, pode-se ver um candeeiro virado para baixo, para minimizar o impacto da luz artificial na escuridão natural da noite:







Oliveiras centenárias da Biovilla


Nesta zona existem muitos pirilampos


Madressilva (Lonicera sp).


Pirilampo (Luciola sp)





Reserva Lightalive «Quinta de Óbidos»


Nesta quinta tem-se notado uma  boa regeneração da flora autotone, com o aumento significativo no tamanho de exemplares jovens de sobreiros, salgueiros brancos, carvalhos-cerquinhos, loureiros e medronheiros, por exemplo.


Medronheiro e sobreiro jovens


Carvalho-cerquinho jovem



Aranha e orquídea (Ophrys apifera)


Ophrys apifera




Espessa vegetação


Castanheiro



 Na Quinta de Óbidos, o número de lagartos de água (Lacerta schreiberi) observados também tem aumentado e muito perto da reserva, foi visto pela primeira vez, um esquilo-vermelho.
Não se notou uma variação muito significativa no número de pirilampos avistados (em particular, Luciola sp. e Lampyris iberica)  em comparação com anos anteriores e foram vistas fêmeas adultas de L. iberica, em zonas onde nunca tinham sido avistadas.
Em 2021, localmente, observou-se um aumento significativo no número de fêmeas adultas de Lamprohiza paulinoi.


Casal de Lampyris iberica




                                              Reserva Lightalive «Jardim da Parede»


Em 2021, foram observadas mais fêmeas adultas de Lamprohiza paulinoi, do que nos últimos 3 anos (desde que se iniciaram as observações)


Esta linha de sebes é fundamental



                      
Larvas e ovos de L. paulinoi



                                 Reserva Lightalive «Quintal da Tocha»


Em 2020, segundo o proprietário, foram vistas fêmeas de Lampyris, por diversas vezes, tanto em Julho, como em princípios de Agosto.
Uma das fêmeas subiu um tronco de uma nogueira-brava até cerca de um metro de altura e por isso era visível desde grande distância.
Em 2021, foram feitas menos observações, e consequentemente foram também vistos menos pirilampos.
Fêmea adulta de Lampyris sp. encontrada no Quintal da Tocha:







Reserva Lightalive «Jardim de Leiria»:

O proprietário indicou-nos, que em 2020, viu menos Luciola sp. adultos do que em anos anteriores (especialmente nos últimos 3 anos), encontrou algumas fêmeas de Lampyris iberica,  mas notou um aumento nas fêmeas adultas de Lamprohiza paulinoi avistadas (tendo visto mais de 10).
Em 2021, apenas constam observações de larvas de Luciola sp, onde foram vistas mais de 40 (acima do normal neste jardim), mas ainda falta recebermos as informações sobre os pirilampos adultos avistados.
Ao redor desta micro reserva, foi feita a mudança de lâmpadas de sódio para LED (na iluminação pública) e notou-se um aumento da intensidade da luz ambiente, mas ainda não se sabe sobre quais os impactos que tal mudança poderá ter na fauna noturna local.


Machos adultos de Luciola sp.









10 comments:

Rita Fernandes said...


Muito boas notícias pelo que parece!

Às vezes vou a Sintra, a ver se um dia dou um salto à Mata Pequena.

Obrigada pela partilha e uma boa semana.

Pleiades said...


Fantástico e parabéns pela iniciativa!

Lightalive said...


Obrigado Rita e Pleiades!

fernando m. said...


Boa noite

Muito interessante o projeto, vou partilhar no meu grupo.

Lightalive said...


Grato pela atenção, Fernando!

Tânia C. said...

Olá :-)

Lindas fotos e óptimas novidades!!

A lista ainda vai aumentar?


Fiquem bem.

Lightalive said...


Obrigado, Tânia.

Sim, muito provavelmente, a lista vai aumentar.

Tânia C. said...


Ainda bem e já estou ansiosa para saber por mais novidades! .-)

ana penela said...


Gostei muito!

É possível visitar algumas das reservas então?

Lightalive said...

Olá Ana

Claro que sim.

Qualquer dúvida sobre quando e como visitar, diz-nos alguma coisa.