Saturday, July 26, 2014

Seja você mesmo um conservador da bioluminescência


Tendo a oportunidade de mudar, o que era uma quinta (da zona Oeste da Estremadura) de produção convencional para modo de produção biológico, a primeira coisa que fiz foi deixar, tanto a fauna como a flora locais, ter um papel relevante no futuro da propriedade.
Os seres bioluminescentes que já foram observados no terreno, têm aumentado de numero, desde que este tipo de gestão foi implementado na área. Iniciaram a colonização do terreno através das zonas laterais do terreno (onde a mecanização e o pulverizamento eram menos intensos). Com esta mudança, também o trator passa apenas a ser usado em situações extraordinárias.
O uso de luzes artificiais também tem sido restrito apenas ao necessário (apenas junto à habitação e de forma muito discreta) para evitar a perturbação dos ciclos naturais e do comportamento da fauna nocturna.
Em compensação, um viveiro com árvores nativas (loureiro, carvalho-cerquinho, medronheiro, sobreiro, entre outras), já foi iniciado.





2 anos depois de iniciar agricultura biológica, o solo
 finalmente começa a enriquecer a sua estrutura básica.



Tendo em conta, que alguma área do terreno era quase só monocultura (pessegal) e o solo encontrava-se na camada superficial, bastante descoberto (com lamaçais frequentes, sempre que chovia) e empobrecido, optou-se por deixar a natureza recuperar a fertilidade natural e fixar melhor as terras (com o crescimento de vegetação rasteira), evitando assim, um exagerado escoamento de nutrientes para zonas mais baixas.


Fêmeas adultas do género Lampyris, têm aparecido (sobretudo nas zonas marginais do terreno), mas pela primeira vez (este ano), desde que são feitas observações, começaram também a aparecer no meio do terreno. Luciola lusitanica também tem colonizado a parte central, mas nada se sabe ainda sobre a Lamprohiza paulinoi, que apenas foi encontrada uma vez no terreno.
Convém (muito) evitar deslocar as fêmeas dos seus locais de iluminação (onde aparecem à noite). Normalmente a fêmea escolhe um local certo, ao centímetro para que o macho a consiga avistar e depois recolhe-se para descansar, geralmente sempre na mesma toca (e também é aqui que encontra condições ideais para deixar os seus ovos).
Isto, porque poucos dias antes de emergir como adulta, a larva escolhe um local certo para poder pupar em tranquilidade (normalmente uma toca, perto de um local exposto) e é esse preciso refúgio, que ela vai utilizar depois para descansar (durante as noites em que vai para o exterior tentar atrair um parceiro com a sua luz) e até desovar, caso consiga lograr o acasalamento.

Portanto, apenas em casos excepcionais e por fortes razões, se devem agarrar/manusear as fêmeas adultas que aparecem a brilhar no exterior. E este conselho, serve para praticamente todas as espécies de pirilampo conhecidas em Portugal.


      As fêmeas realizam normalmente um percurso fixo, desde o local de iluminação até ao seu esconderijo (clique na foto para aumentar o detalhe).


Será que o seu jardim tem pirilampos? Há pessoas que dizem que gostariam de ver pirilampos e se calhar não sabem que mesmo no seu jardim ainda existem estes seres luminosos. Ou então, muito perto de sua casa. Poderá tornar-se você mesmo o guardião de uma população de pirilampos e garantir que pelo menos graças ao seu interesse, eles não serão esquecidos.

Como detetar os seus sinais, onde e quando, saiba mais aqui.










7 comments:

Tânia C. said...

Obrigada pelas dicas.


O ideal será dar um espaço à natureza, para ter um ambiente mais saudável.

Lightalive said...

Concordo, Tânia.

Rita Fernandes said...

Gostei!



Geog Marin said...


Então e este ano (2016)?

Lightalive said...


Este ano têm aparecido por lá muitos pirilampos.

E a parte do meio do terreno, já foi colonizada pelas espécies principais da zona (consegui encontrar lá, inclusive, todos os seus estágios de desenvolvimento).




Rita Fernandes said...



Parabéns e a fauna local, no geral, também parece estar a colonizar o terreno?

Lightalive said...



Sim, claro que sim.