Wednesday, October 16, 2019

Fêmea adulta de Lampyris iberica








Fotos tiradas em Junho deste ano, na Reserva Lightalive «O Templo das Aves Canoras».





Wednesday, September 18, 2019


O projeto Lightalive organizou este ano, várias visitas de campo públicas, mas decidimos relatar apenas quatro dessas voltas:

Na pitoresca Aldeia da Mata Pequena, o projeto Lightalive realizou este ano, duas saídas noturnas (nos dias 25 de Maio e 8 de Junho).
Antes das caminhadas propriamente ditas, foi feita uma apresentação sobre os seres luminosos da Mata Pequena e sobre a bioluminescência em Portugal (distribuição, ecologia e conservação).
Com as condições meteorológicas bastante favoráveis (em ambas as datas), foi possível usufruir plenamente dos percursos maravilhosos da Mata Pequena, nos quais participaram pessoas de diferentes faixas etárias e países.
Os pirilampos não faltaram e como já tem sido hábito, brilharam durante todas as caminhadas enchendo  de magia e encanto todos os visitantes.



Uma passagem...


Vale junto ao aldeamento



Uma fêmea de Lamprohiza brilha ao ser tocada



  Foi debaixo de uma brilhante lua, e ao som de vários grilos, que se desenrolou a caminhada noturna deste ano, na Reserva Lightalive da Biovila.
Se o evento do ano passado, tinha reunido um número surpreendente de participantes, este ano, não ficou nada atrás...
Antes da caminhada, foi dada a cada um, a oportunidade de colocar questões sobre o misterioso mundo da bioluminescência e sobre o que poderiam ver.
Com a curiosidade bem alimentada, e com as lanternas apagadas, todos partiram em relativo silêncio...
Os pirilampos demoraram a aparecer (tal como no ano passado), o que deixou todos surpreendidos, pois já havia quem achasse, que não se ia ver nada...
Mas assim que começaram a aparecer, foram vários os que se juntaram e que alegraram bastante o ambiente de mais uma maravilhosa noite, passada na Serra da Arrábida.


Já perto do destino...


A Biovilla organiza várias atividades


Valeu a pena esperar pelos pirilampos da Biovilla




No dia 13 de Julho, a convite da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, tivemos o gosto de coordeenar uma saída de campo noturna, para procurar por pirilampos na Ecopista do Montado.
Soube, pouco tempo depois de chegar, que haviam participantes adultos, que nunca tinham visto um pirilampo...Nada que me surpreenda!
Após esclarecidas algumas dúvidas sobre pirilampos e outros seres vivos que produzem luz, ainda não era de noite, e já a caminhada se iniciava.
A noite estava bem quente e uma autêntica banda sonora de diferentes animais, regalava os participantes.
Será que iamos ver alguma coisa? Muitos falavam da seca no Alentejo, e do calor que se sentia, mas não demorou muito até se avistar o primeiro pirilampo e ainda havia luz do dia no horizonte...
A primeira a ver a luz esmeralda de uma fêmea de Lampyris,  foi uma menina de 10 anos, o que deixou todos encantados...
Depois, foram encontrados mais alguns pirilampos, aqui e acolá, ainda que não sendo muito numerosos, sempre tornaram a volta repleta de surpresas.


Alguns  participantes deste evento


Uma breve paragem 


Machos de Lampyris sp.


Fêmea de Lampyris sp.


Luz de fêmea de Lampyris sp.






Este ano,  juntámos algumas famílias que queriam realizar uma caminhada noturna em Sintra, para ver pirilampos.
Tendo em conta, as dificuldades que tivemos em encontrar uma data que fosse conveniente a todos 
(e porque queriam fazer o percurso em conjunto), o evento acabou por se realizar apenas a 22 de Julho.
Quando já estávamos a apenas cerca de 1 km da Serra,  nada fazia adivinhar que no topo da Serra, estaria a chover, pois cá embaixo, o tempo estava ensolarado...
Mas enquanto subíamos, podiamos já ver o famoso capacete de nevoeiro, a formar-se no topo da Serra...
Após um breve mas agradável piquenique, aguardámos pela noite,  mas como estava nevoeiro e começou a pingar com alguma intensidade, alguns já pensavam que não seria boa ideia fazer a observação dos pirilampos naquela noite... 
Mas depressa mudariam de ideias, porque assim que começou a escurecer, vários pirilampos se aglomeraram e encheram de encanto todos os visitantes. 
Na atmosfera mística típica de muitas noites sintrenses, além dos luzes vivas que relampejavam em vôo e entre a vegetação, algumas pareciam repousar no chão húmido e atapetado de folhas e musgo... 
O participante,mais novo, de 4 anos, reconheceu uma luz que era diferente das outras...Um pirilampo bébé ainda no estado larvar! 
O pai e a mãe, viram  uma luz alaranjada a emergir do chão da floresta: um adulto, ainda a surgir das profundezas misteriosas da Serra!
Com pesar e porque já ficava tarde, tivemos que deixar este inesquecível mundo perdido e voltar de novo para casa.


No interior da floresta


Um microcosmos de surpresas


Uma luz viva surge das profundezas da Serra



Luciola sp.








Saturday, July 06, 2019

Saturday, May 11, 2019

Avistamentos de 2019



Tenho recebido muitas descrições de avistamentos de vaga lumes e de outros seres bioluminescentes. Mas relanço aqui o assunto (para o corrente ano de 2019)...
Quem tiver visto alguma coisa  e quiser partilhar o seu achado,  tente, se possível, responder às seguintes questões:
1- Local e hora do avistamento (o mais pormenorizado que poder indicar, melhor).
2- Condições atmosféricas (se estava a chover, húmido, seco, temperaturas (aproximadamente)...)
3- Condições de luminosidade do local (se tinha iluminação artificial perto, longe ou nenhuma, se sim de que côr era a luz).
4-Que tipo de luminosidade (produzida pelo ser vivo) foi avistada? Qual a côr? Piscava ou mantinha-se sempe acesa? Apresentava pulsares?
5- Quantos seres luminosos (aproximadamente) viu a produzirem luz?
6- Em que habitat estava o ser luminoso (floresta, campo aberto, berma de caminho, praia, mar, etc...)? 
7- Por fim diga-nos o que é que o ser luminoso estava a fazer (a comer, a acasalar, a descansar, a andar, a nadar, a voar, etc...)?

As suas informações são muito importantes, pois geralmente muito pouco se sabe sobre estes seres misteriosos. 
Pode também dar um relato mais sintético sem responder a algumas das questões. 
Em muitos locais do mundo se assiste a diminuição notória do número das espécies luminosas e assim se vai perdendo um dos maiores espetáculos da natureza...
 Mas ainda estamos a tempo de inverter essa tendência!

Para saber mais detalhes sobre o que poderá estar a encontrar, pode consultar livremente o nosso guia sobre os pirilampos de Portugal e mais algumas formas de bioluminescência em Portugal (que foram publicados já em Julho de 2014) emBioluminescência terrestre em PortugalGuia dos pirilampos de Portugal e Bioluminescência marinha em Portugal.
Também estamos ao dispôr para esclarecer qualquer dúvida sobre bioluminescência ou sobre saídas de campo para a observação de seres luminosos.
Envie as questões/informações de preferência por email para: livinglightfestival@gmail.com
 Ou então pode deixar a sua mensagem nos comentários (embaixo).

Obrigado!!

Tuesday, March 26, 2019

Fungos bioluminescentes


Perto de Óbidos, encontrei alguns ramos e folhas luminescentes (foram colonizados por uma espécie de fungo luminoso).
Filipe Lopes, tentou fotografá-los, mas não foi fácil... Contudo, penso que o resultado é satisfatório, até porque a sequência, está bastante interessante.















A olho nú, a bioluminescência era mais extensa do que estas fotos demonstram, mas a côr da mesma, era menos fácil de discernir (na foto podemos ver que é verde)...
Mesmo quando a intensidade da luz é razoável, ao ponto de causar reflexão em redor, a nossa percepção é limitada, quando é necessário identificar a côr exata da luz.
Em Sintra, foram observadas folhas em decomposição, que aparentavam ter uma luz predominantemente amarela, mas as fotografias indicam que a luz afinal era verde, como pode ver aqui
De acordo com as nossas observações e com o que já foi publicado, o género Armillaria é possivelmente o que apresenta maior diversidade de côres de luz (com maior ênfase, no verde e no azul, mas com algumas partes influenciadas pelo amarelo).
De acordo com a nossa experiência de campo, nos grandes exemplares do género Omphalotus é possível discernir razoavelmente (a olho nú)  a côr da bioluminescência, mas tal é ainda mais evidente no género Armillaria, sobretudo quando este género, coloniza troncos de árvores de grandes dimensões e está no auge da produção lumínica. 
Em Dezembro de 2017, postei aqui umas fotos que são muito provavelmente do género Armillariahttps://pirilampos-lightalive.blogspot.com/2017/12/
Em Novembro de 2016, postei umas fotos do género Omphalotus: https://pirilampos-lightalive.blogspot.com/2016/11/  assim como  em Dezembro de 2018: https://pirilampos-lightalive.blogspot.com/2018/12/ 
Mas o conhecimento sobre os fungos luminosos em Portugal (e um pouco por todo o mundo) ainda tem muito que progredir.
Tendo em conta esta lacuna e a grande diversidade de fungos luminosos conhecidas no nosso país (ver aqui), e a grande possibilidade de haverem mais espécies bioluminescentes do que as descritas, o projeto Lightalive iniciou este inverno que passou, uma investigação sobre os fungos luminosos de Portugal, em colaboração com uma micóloga (que depois iremos apresentar), porque o conhecimento que existe sobre estas espécies, é bastante limitado.






Já apareceram!


Na noite de 25 de Março foram observados os primeiros pirilampos adultos de 2019 (dois machos de Luciola lusitanica), num espaço verde de Lisboa (perto de Belém).


Luciola lusitanica (foto tirada por Nuno Cabrita)





Tuesday, December 11, 2018


Estamos já em Dezembro, mas alguns cogumelos  (Omphalotus olearius) ainda mantêm as suas capacidades luminosas (ainda que de forma reduzida), como se pode ver embaixo, em alguns exemplares que encontrei e que foram fotografados por Filipe Lopes.
Estes exemplares foram encontrados em Lisboa (em um dos espaços verdes da cidade).
Esta colónia tem sido monitorizada desde 2010 e este ano, foi descoberta uma extensão «extra» da mesma (mais para o interior da mata).
Alguns exemplares atingiam mais de 25 cm de diâmetro.
Os cogumelos desta colónia, possivelmente atingiram  (durante este outono) o auge das suas faculdades luminosas, algures entre 8 e 20 de Novembro.






A crescer debaixo de um folhado (Viburnum tinus)


                       
                             Uma foto que eu tirei a alguns exemplares desta colónia em 2016                                                        (aqui estavam numa fase mais luminosa, mas ainda fora do auge):



                             

Wednesday, November 21, 2018

O resgate dos pirilampos


Este ano, resgatei alguns pirilampos de diferentes espécies da zona de Sintra, de Óbidos e da Ajuda, que estavam numa situação bastante difícil, a tentar atrair o/a parceiro/a, sem sucesso, debaixo de iluminação artificial!

Cheguei a ver aglomerações de fêmeas de Lampyris iberica debaixo de um candeeiro, numa pequena aldeia localizada nos arredores da Serra da Carregueira, e que apesar de ser um espetáculo muito belo, não deixa de ser uma indicação de que algo está errado ou que provavelmente existe um excesso (e desperdício) de luz artificial... Isto quando os machos, nas redondezas (em locais mais escuros) estavam plenamente ativos (confirmação feita através do uso de armadilhas luminosas).
Fêmeas adultas de Luciola lusitanica e de Lamprohiza paulinoi, também foram encontradas a brilhar debaixo de alguns candeeiros.



Demasiada luz para esta fêmea de Nyctophila reichii



Na Ajuda, encontrei fêmeas de Nyctophila reichii, a brilhar dentro de caixotes de lixo de um jardim (felizmente ainda vazios), talvez porque ali encontrassem um ambiente mais escuro e abrigado...
 Mas algumas também foram encontradas em zonas «inundadas» de luz artificial.
Por sua vez, as armadilhas de luz confirmaram a ausência de machos no local e a sua presença em zonas próximas mais escuras.

E porque algumas fêmeas vão brilhar para estes sítios? 
Porque as larvas das fêmeas procuram zonas ricas em caracóis, mas também com boa visibilidade, basicamente zonas abertas (para que os machos depois tenham mais facilidade em ver a sua luz desde grandes distâncias) e nesse processo algumas larvas são algo insensíveis à questão da luz artificial (pois as larvas têm um sistema visual pouco desenvolvido). 
As larvas podem inclusivamente ser observadas a procurar minuciosamente, por um local adequado para se transformarem em pupa (e caso consigam lograr o acasalamento, desovar) durante várias noites e dias (expondo-se por vezes à luz do dia).


                             
Larva de N. reichii à procura de um lugar para pupar



Quando finalmente encontram um sítio apropriado, iniciam a fase de pupa. Quando esta fase termina, as fêmeas adultas que emergem, neste caso, deparam-se de repente com um ambiente inóspito, e por vezes, tentam encontrar recantos escuros (umas mais, outras menos, pois algumas, tal como já referimos, são vistas a brilhar em zonas muito iluminadas por candeeiros). 
Enquanto uma larva pode andar várias dezenas (ou se calhar até centenas) de metros, a fêmea adulta, por sua vez, normalmente só se move uns centimetros, a partir do momento em que finalmente acaba a fase de pupa, aspeto esse, que neste caso, a deixa bastante vulnerável. 
Uma fêmea pode ser vista a brilhar durante várias noites praticamente no mesmo local... 
Já as larvas, por vezes, são vistas a brilhar em locais bem distintos, mesmo passados poucos minutos.

                                   

Luz de uma larva de Lamprohiza sp. (Norte de Portugal)

                           


Deslocar as fêmeas para as zonas de atividade dos machos, com raras exceções, é a meu ver impraticável, pois as fêmeas  escolhem o seu local de desova praticamente ao centímetro (mas fazem-no quando são ainda larvas) e sem as adaptações apropriadas, ficariam assim expostas, desorientadas e passariam imenso tempo à procura novamente de um lugar para desovar. Com o desespero de quererem pôr ovos, poderiam ser levadas a pôr os ovos em locais pouco adequados.
Juntei portanto as fêmeas desorientadas com os machos locais e consegui obter ovos e larvas. 
Os machos foram largados de novo na natureza, assim que a fecundação se considerou assegurada, pois assim podiam encontrar e cobrir outras fêmeas.

                                             
Fêmea de Lampyris iberica com ovos não fecundados 
(João Luis Teixeira)



Posso dizer, que é um processo muito complicado a manutenção de pirilampos em cativeiro, sobretudo quando as larvas nascem e nos meses seguintes, porque têm poucos milímetros e são muito sensíveis a vários fatores.
São precisas horas, várias horas e muita paciência! 
E até pode acontecer que machos e fêmeas, se recusem a acasalar, sem qualquer razão aparente...
Os pirilampos têm a reputação de ser quase impossíveis de manter em cativeiro, e eu acho que existe uma boa dose de verdade nisso.
Por alguma razão, estas espécies sensíveis, são muitas vezes usadas como biondicadores.
Mas antes de tomar a decisão de intervir, contactei o ICNF, do qual felizmente obtive autorização para manter estas espécies de pirilampo em cativeiro (desde que não as capturasse em zonas com algum estatuto de proteção).



Larvas de Lampyris iberica que serão soltas na zona de Sintra


Aproveitei esta oportunidade, também para completar a minha base de dados, sobre as fases larvares de algumas espécies de pirilampos.
Contudo, as larvas apenas serão mantidas em cativeiro temporariamente, pois tenciono soltar as larvas, processo que já foi iniciado este Outono em Óbidos e que entretanto vai-se estender naturalmente a Sintra e à Ajuda.
As zonas de solta, apresentam um habitat mais propício para estas espécies (do que os locais onde foram encontradas as fêmeas adultas) e algumas variedades locais de árvores autótones, serão semeadas também nestas 3 zonas.
A ajudar o projeto Lightalive na ação ecológica, que irá decorrer em Fevereiro e Maio de 2020, estará um grupo de crianças e respetivos encarregados de educação (que depois será apresentada neste  blog).



                                                                
                             Mais fotos de larvas de pirilampo resultantes deste resgate:



Larvas de Nyctophila reichii



Larvas de Lampyris iberica



Diferença de tamanho entre larvas «irmãs»



Larvas de Nyctophila reichii



 Uma das primeiras libertações (zona de Óbidos)



Larvas de Lamprohiza paulinoi após a primeira muda



Larvas de Luciola lusitanica após a primeira muda



Larvas de Lampyris iberica



Larvas de Luciola lusitanica (Óbidos)



Larvas de Luciola lusitanica pouco antes de ser soltas.


Locais onde foram encontrados pirilampos a brilhar debaixo de candeeiros de iluminação pública (primeiro local de intervenção (arredores da Serra da Carregueira)):










                                                           Segunda localidade (Ajuda):







                                                                       



                                         Terceira zona de intervenção (arredores de Óbidos):